terça-feira, 22 de junho de 2010

Um corpo jaz à margem do lago...

Estive caminhando no lago agora a pouco, e então encontrei um cadáver boiando na àgua, meio à inspiração de Uma Carniça de Baudelaire, resolvi escrever um poema sobre a situação:


"Um corpo jaz à margem do lago, enquanto casais namoram no parque.

O corpo jaz
à margem do lago.
Os corpos descançam
lado a lado.

O corpo putrefato exala fluídos,
fluídos da morte facta.
Os corpos trocam fluídos
d'uma paixão inata.

Um corpo jaz à margem do lago, enquanto casais brincam no parque.

Os corpos se movimentam
ao ritmo das mãos.
O corpo baila ao ritmo da água
em movimentos vãos.

A vida se esvaiu do corpo.
A vida exala dos corpos.
São vermes que corroem o corpo.
É o verme do amor que move os corpos.

Um corpo jaz à margem do lago, enquanto casais passeam no parque.

Os Corpos não sabem do Corpo.
O Corpo, não se importa com os Corpos.
Estão todos ali, do mesmo lado.
Do outro, só há prédios e portos.

No fim os Corpos se vão,
enquanto o Corpo se esvai.
E o verme do nada apaga tudo,
enquanto o sino bate "seis", avisando que a noite cai.

Um corpo jaz à margem do lado, enquanto casais saem do parque."


Bom, sinceramente acho que ninguém precisaria ler isso, mas já que o mundo digital permite a divulgação, então que vá.
Eu disse que era à inspiração de Baudelaire, mas, infelizmente, não tenho a habilidade com as palavras que ele tem, e nem pretendo isso. Além disso, acho que não serviria pro ofício de poeta, as vezes tenho inspirações, mas minha memória não ajuda, e sempre esqueço de tudo antes de poder escrever... sorte das outras pessoas...
No mais, a título de comentário, a 'versão original não tinha este verso isolada "Um corpo jaz.." entrecortando os pares de estrofes. Aliás, embora o final fique horrível e até fora de rítmo, (se é que há algum, [não me importei com isso]), a idéia de brincar com o número de seis estrofes e do sino da igreja bater seis horas houve desde o início.
Pois bem, é isso... e continuo enxendo a web de porcaria... hahahaha!!!

P.S.: O corpo, era o de um peixe, uma tilápia.

Um comentário:

  1. Ah, que coisa! Poderia ser um cadáver de um humano hipócrita [pleonasmo, segundo você =p]

    Isso me lembrou que hoje eu vi um cachorro de rua com uma fratura exposta numa pata, eu fiquei com tanto dó, mas o que eu iria fazer?
    Eu tenho pena de bicho, exceto do bicho homem...

    Anyway, eu curti a sua poesia!^.^

    =*

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