quinta-feira, 9 de junho de 2011

Mais uma da série Melancolia Melancólica - de Neidimara Toledo

Tic, tac

Bate a dor, levando a lucidez.

Tic tac


Bate a desilusão, levando a magia.

Tic tac


Bate o arrependimento, levando a certeza.

Tic tac

Bate a angustia, levando a paz.

Tic tac

Bate a loucura, levando a razão.

Tic...

Já não bate mais...


Levou minha vida.


por Neidimara e Wagner

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Da série Melancolia Melancólica, de Neidimara Toledo

Preciso colocar novamente a máscara.
Preciso de novos olhos,
de um novo cérebro,
de um novo coração...
preciso de outros sentimentos.
Não sou mais eu quando sinto,
Sou mais feliz quando minto!
Quero outra mascara!
Uma mascara com
um sorriso que nada diga,
um olhar que nada veja,
e um novo coração.... que nada sinta...

Vão reunir novamente,
os palhaços da hipocrisia.
Vai começar o baile das mascaras
dos que nada sabem e nada sentem.
É chegado outra vez o tempo
de decorar números e apertar botões.
Números... números e mais números,
Somos todos numerosos números.
Cada qual com sua mascara
desfila sua fantasia:
bons homens,
honradas mulheres,
dedicados maridos,
esmeradas professoras,
humildes trabalhadoras.
Se vou à este baile?
Sim, com minha fantasia
de cidadão alienado...


por Neidimara Toledo

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Melancolia melancólica" de Neidimara Toledo

Bom, nestes dias estarei publicando umas poesias de uma pessoa realmente literata(?) hehe. Uma amiga que escreve umas coisas bacanas, de acordo com o tempo, vou postando aqui. Segue:


Sombras tomam conta de mim,

este corpo me pesa,

quero libertar-me depressa.

Minha presença me faz mal,

e tua ausência me consome.

Choro por não ter-te,

mas morreria se o tivesse.

Não sou mais sua...

não sou mais minha...

esqueço...

Não sou...


por Neidimara Toledo

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A imensurável beleza do ser (ou o niilismo do estar)

Ele morde as costas de sua mão. Enquanto intercala mordidas que lhe deixam a pele vermelha traça algumas linhas no papel em branco.
O sol acaba de se esconder sobre as nuvens e a sombra ao pé da árvore faz o vento tornar-se mais fresco, quase gelado. Isso não o incomoda, aliás até o agrada. O que não lhe agrada é perceber que esta sendo observado nesta situação, por um olhar estranho atrás de uma janela. Bem, na verdade pouco importa. Olhares estranhos passam pelas calçadas, pelas janelas, pelos corredores. Mas o importante é estar ali, sentado na grama, os pés descalços, os tênis jogados ao lado, o papel numa mão, a caneta na outra e o gesto constante de morder a própria mão.
Os transeuntes pouco lhe importam (desde que não o observem como o olhar na janela) quando ele está em estado tão vagal. Um estado da mais completada nulidade. Um niilismo absoluto. E é niilismo sim. Quando o contexto não importa, a situação não se localiza. Quando a mente não tem um foco, o vazio é absoluto. Intencional, talvez, mas totalmente gratuito.
Alguém poderia objetar que a situação o fazia refém daquela cena: sentado no chão, descansando encostado na árvore, escrevendo um texto qualquer e mordendo a própria mão. Entretanto, esta observação está totalmente errada, exceto talvez, pelo movimento repetitivo de morder-se a si mesmo. Talvez apenas este ato poderia dar uma garantia de um caráter de subjetividade àquele ente. Somente este gesto o poderia identificar como ser, um ser que se morde a si mesmo. Mas, a contragosto dos empiristas, neste momento nem esta ação o atribui status de ser. Neste momento, ele é absolutamente o Nada. Neste momento ele alcança o Nada total. Enquanto ele simplesmente escreve sem escrever, olha sem olhar, e pensa sem pensar, ele apenas existe. Existe de dentro do vazio de sua consciência. Um ékstasis total. De dentro de si mesmo ele apenas expõe o vazio interior. Ele apenas faz surgir o Nada. Ele é completamente Nada. Naquele momento ele era pura arte. E não é assim mesmo a obra de arte? O que seria a obra de arte senão este completo ente vazio e gratuito? Se a arte não pode se prestar a qualquer coisa, por quê então ela não pode ser esta nulidade? Este nihil?
A verdadeira obra de arte não pode mais ser techné. A verdadeira obra de arte não pode ser elemento cultural, relegado a padrões de local ou população. A verdadeira obra de arte não pode ser produção do gênio ou dom de deus. A verdadeira obra de arte não é reprodução, não é cópia imperfeita de cópia imperfeita. A obra de arte é não sendo. Ela não é objeto de decoração, ela não combina com o seu sofá. Ela nem é mero objeto de observação. A verdadeira obra de arte é fenômeno de ser vazio. Ela não tem identidade, ela não tem conceito, ela não tem essência. A arte é, simplesmente é, não sendo. Sendo vazia e gratuita. E por isso mesmo totalmente livre. Se não o fosse, não seria.
E neste momento ele é justamente isto. Um vazio. Um Nada. Uma completa liberdade, existencial e gratuita...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Entrevista com a banda Casa das Máquinas

Semana passada teve show da banda Casa das Máquinas em Pato Branco - Pr. Eu conversei com eles ainda no hotel, numa entrevista para o programa Rolling Time, programa duns camaradas meus, que circula pela internet. Assim pude bater um papo com Marinho Testoni (tecladista), Fabio César (baixista), João Luiz (vocal) e Leonardo Testoni (guitarrista) e ainda prestar um serviço ao programa. A entrevista segue abaixo sem cortes ou edições, em termos jornalisticos a entrevista ficou uma bagunça (você poderá conferir); em termos de Rock'N'Roll fica o registro em áudio do retorno oficial da banda aos palcos. E para mim que sou fã incondicional da banda, foi um previlégio poder fazer esta gravação.

Entrevista by MarcioRock


Mas não deixem de curtir também o blog do Rolling Time, logo logo a entrevista sairá lá, aí sim, editada. Confira no link abaixo:


Tecno Blog.


Abaixo (ainda) algumas fotos da entrevistas tiradas pelo Leonardo:





sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

um texto de insPIRAÇÃO pseudopsiquicofilosoficotidianartistico de natureza semanticoprolixaeverbaleseminal

catatau. o textículo (diminutivo de texto) curioso. uma as coisas mais extravagantes que já me aventurei a ler (e vou eu a fazer críticas sem razão nenhuma de obras literária) talvez levemente comparável a grande sertão: veredas, de guimarães rosa. guimarães rosa é um cara engraçado. engraçado pensar como um indivíduo que conseguia, ao rigor da plataforma lattes, compreender/falar/ler/escrever umas vinte e tantas linguas não gostava de falar. de falar em entrevistas. como um cara desses pode pensar que o texto por si só é que vale a pena e o autor é um mero instrumento do texto. só o texto vale a pena quando tu consegues escrevê-lo em mais de cinco idiomas. only the text rules if you can... nur das texte ... rárá solamiente la escrita es lo mejor quanto tu puedes... rárárárá! isto prova que meu texto não vale nada, nem consegui chegar ao terceiro idioma. onde eu quero chegar com tudo isso... a lugar nenhum, no entanto, o importante é que hoje é o aniversário da minha mãe e embora nós estejamos a uns trezentos quilometros de distância (o mundo é muiot grande pra quem anda de avião, pra quem anda sem destino ele cabe na palma da mão) eu terei que ligar pra ela daqui a pouco, quando ela estiver em casa. (tudo é relativo, meu caro washington [psp {não o play station portátil, mas o post scriptum de parentese} sempre brinco com relação ao nome do ajudante do cara lá, acho watson muito marca de geladeira pra chamar alguem, mesmo um personagem fictício, por este nome] tudo é relativo meu caro washington, ou vanxinston se alguns preferirem) e expressar meu humildessincerossingelosmagnânimos sentimentos via fibra ótica (óptica?). dilemas do mundo cão: a distância aproximando pessoas (vide a possibilidade de alguém lá de macau ler esta porcaria de texto aqui). outra coisa interessantenemtanto curiosahilarianteeengraçada que presenciei este dia, um parêntese (depois quando a gente diz que tem pessoas que não merecem o ar que respiram. vem uns humanistasiasinhos hipócritas nos acusando de facistas): uma ant(a)ológica figura feminina, sem nenhum pre-conceito (viu não somos facistas), loira estava sacando dinheiro no caixa eletrônica. em suas mãos ferinas(?) um calhamaço (ou catatau!) de contas a pagar, ela conferia o valor da conta e sacava extamanete aquela quantia em dinheir, e repetia o processo (não o do kafka[psp: pq fui falar do kafka aqui?!]). isso conta após conta. e com uma habilidade notável. lá pela quarta ou quinta (terceira ou quarta em algumas versões da estória) conta e depois de uns quase dez min utos que eu estava esperando para usar o caixa, a infeliz da criatura (para não ofender nenhum animal cuja comparação rotineiramente é pertinente) tenta sacar no caixa eletrônica o exato valor de r$ 5,89 (CINCOREAISEOITENTAENOVECENTÁVOS!) alguém me explica como essa imbeci(cletada)l queria retirar 89 centavos do caixa eletrônico?!? mesmo se fosse 89 reais, já seria complicadao pracaraleo. todos sabem que não há mais notas de um raul (real) em circulação e eu nunca vi um caixa eletrônico que saia moedas. mesmo assim, não eram oitenta e nove reais, eram centávos. e o piór que a anta (agora sim peço desculpas àqueles mamíferos tão adoráveis) tentou umas três ou quatro (quatro ou cinco) vezes a operação até q fionalmente desistiu e eu pude ujavascript:void(0)sar o caixa. São coisas como esta, e tais uma biografia de whatafuckinjustinbieber que me fazer rir da humanidade e esperar a realização das profecias de 2012, em meus momentos mais misântropos (ao menos vinte horar por dia, nas quatro restantes estou dormindo[as vezes]) de qualquer forma pra concluir o assunto, catatau do paulo leminski não tem muito a ver com grande sertões: veredas e é claro que não há nenhuma clarificação nas minhas idéias neste momento. o importante mesmo é que eu vou deixar um grande PARABENS a minha progenitora, que ela possa cada vez mais se compreender e compreender os outros, porque o respeito existe (para alguns) e deveria existir para todos. felicidades mãe!

sábado, 15 de janeiro de 2011

O buraco do espelho está fechado - Reflexo, reflexão, loucura e hipocrisia

"É preciso fingir... quem é que não finge neste mundo? Quem?!?"

Esses dias assisti o filme Bicho de Sete Cabeças (2000), direção de Laís Bodanzky. Na verdade fazia certo tempo que queria fazê-lo mas só agora tive oportunidade. Eu sempre gostei de filmes que lidavam com a loucura ou pacientes loucos, e gosto particularmente de notar como na maioria das vezes é o próprio tratamento (médico ou de convívio) que tornam o personagem realmente insano. E é justamente este processo que é abordado no filme, pois o personagem Neto (Rodrigo Santoro) vai realmente 'pirando'' devido aos maus tratos no manicômio. Mas não é sobre o filme que pretendo falar, mas sobre uma passagem específica, a saber: aquela em que Neto conversa com um personagem que se denomina Jornalista (?) que o diz:
"É preciso fingir... quem é que não que não finge neste mundo? Quem?... É preciso fingir que é louco, sendo louco. É preciso fingir que é poeta, sendo poeta..."
Depois disto, Neto lê, rabiscado na parede, com o 'título' de O buraco do espelho está fechado, que torna-se numa música, composta por Arnaldo Antunes. Aliás as músicas do filme estão a cargo dele mesmo. O 'poema' diz o seguinte:



o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora

É interessante a comparação, ou metaforização de temas ligados à loucura com elementos ligador a portas, espelhos. São metáforas que passam a noção de passagem para outro lado, para o lado escuro da lua, talvez. Bem, independente disto, estes realtos (filmes, músicas, poemas) mostram que a questão da loucura deve ser vista de maneira diferente, não como simples doença, mas mas um outro 'lado' das coisas, um outro lado do ser humano. O louco deve ser tratado mais como ser humano que é, afinal de coisas, se todo mundo tem que fingir, quem é capaz de estabelecer a tênue linha entre a loucura e a sanidade?